terça-feira, 25 de outubro de 2016

E quando a solidão invade a alma - o que ocorre quando nos encontramos completamente sozinhos...

Aprenda a lidar com a solidão. Aprenda a conhecer a solidão. Acostume-se a ela,  pela primeira vez na sua vida. Bem-vinda à experiência humana. Mas nunca mais use o corpo ou as emoções de outra pessoa como um modo de satisfazer seus próprios anseios não realizados.“"
~ Elizabeth Gilbert, Comer, Rezar, Amar.


solidão

A solidão muitas vezes me atormentou.
Não falo da solidão de estar sozinha, geralmente estou contente quando estou sozinha em minha casa. Mas toda minha vida eu senti uma solidão profunda, algo decorrente de sentimentos ligados ao abandono e rejeição que sentia na minha infância.  Quando não me sentia amada, desejada ou quando sentia uma certa inadequação e vergonha...

Quem vivencia esse tipo de experiência pode ter oscilações de emoções, ou seja, uma hora está alegre e contente e na outra sente medo e solidão... Aos poucos a gente vai aprendendo a se proteger e passa a combater o sentimento de solidão. Minha forma de proteção foi decidir que seria independente e nunca precisaria de nada nem de ninguém. Passei a ser independente e auto-suficiente, porque aparentemente era menos complicado viver assim.  Aboli quaisquer tipos de necessidades e vulnerabilidades... Isso pode não ser saudável, porém funcionou por um tempo.

Até que um dia a solidão me pegou de jeito...  passou a ser uma companhia insuportável... o medo se instalou novamente ... nessa hora voltou aquela lembrança infantil do medo do abandono... da rejeição, dos sentimentos que não queria experimentar ou lidar novamente e que estavam guardados a sete chaves.

No passado, eu fazia o que fosse necessário para evitar esses sentimentos, assim eu vivia ansiosa, pois buscava me manter ocupada para não refletir. 
Me recolhi sob a égide do perfeccionismo que passou a ser meu escudo, minha forma de controle. Me tornei fanática por comida, estudos, conhecimento, filmes, música... Passei a me anestesiar, desconectar e dissociar....

Todos encontram uma forma de fuga através de vícios habituais é comum em uma situação assim. Os vícios podem ser: comida, álcool, sexo, compras, televisão. Aos poucos as formas de autodestruição vão se instalando...

A outra maneira que usei para lidar com a solidão foi a de usar outras pessoas para preencher o meu vazio. Coloquei expectativas não ditas sobre elas para atender às minhas necessidades, para me sentir melhor, para me distrair, para tirar as emoções de dentro de mim... sendo que e em alguns momentos não fui capaz de lidar coma as pessoas e minhas frustrações. Ainda que eu saiba que não se pode esperar das outras pessoas uma cura para nossas feridas. Sempre erramos quando colocamos exigências sobre o outro. Não podemos transferir a responsabilidade para outrem de nos fazer, de alguma forma, nos sentir inteiros. Nós, os feridos,é que levamos nossos baldes de água vazios ao nosso redor e pedimos a outras pessoas para encherem para nos completar. No entanto, os nossos baldes estão rachados, quebrados, cheio de buracos, e não importa o quanto os outros despejam, nunca é suficiente. E assim, nos tornamos mais necessitados e mais dependente dos outros, pois precisamos que continuem enchendo nossos baldes, e quando eles não podem, nos tornamos desiludidos, decepcionados, irritados, ressentidos.

Ninguém além de nós mesmo deve possuir a responsabilidade de nos curar. Devemos nos curar. Devemos ser todo sozinhos. Devemos levantar e concertar nossos baldes quebrados e, assim, simplesmente ser por nós mesmos.

Temos que parar de esperar que os outros nos preencham, por estarmos insatisfeitos.

Os últimos 12 meses foram um período de transformação para mim. Mas a transformação não é fácil. Ela exige um enorme esforço para reconhecer e aceitar nossa fragilidade, para estar consciente de mecanismos de enfrentamento velhos e aprender novos. Aprender a sentar com minhas emoções, me familiarizar com elas, entendê-las. Não para me entorpecer, fugir, ou recorrer a padrões insalubres e hábitos destrutivos. Para transformar uma vida de pensamentos, padrões, ações e reações é preciso ter intenção de mudar além de muita persistência. Não é fácil ou confortável matar nossos dragões, sendo que com cada dragão derrotado um novo aparece. A solidão tem sido um dos meus maiores dragões. Só quando eu acho que tive uma vitória, ele aparece novamente. Talvez seja para mim um dos mais perigos, pois rasga minhas feridas de rejeição e abandono, desencadeia outras reações, e, por fim, me leva a um mecanismos de enfrentamento insalubres e destrutivos.

Recentemente, o dragão levantou-se novamente dentro de mim, com as suas ameaças para me devorar. Com suas mentiras que não sou amada, inadequada, não suficiente, indigna. Exceto, que desta vez, eu estava preparada. Dessa vez eu não fugi, ou retornei para os meus mecanismos de enfrentamento habituais, permaneci consciente. Permiti que a solidão entrasse. Sentei com ela e a conheci melhor. Por fim, veio uma torrente de emoções negativas e eu escutei. Fui simpática à sua origem, ao lugar em que foi criada pela primeira vez em minha vida. Eu a entendi. E então eu mandei embora.

Somos responsáveis pelas nossas emoções, e temos que fazer a escolha de não permitir que elas nos governem ou controlem. Dessa forma evitamos projetar nossas emoções em outra pessoa, deixamos de esperar que o outro tenha que realizar os nossos anseios não realizados. A solidão é um amigo difícil de fazer, mas pode ser uma boa companhia. 

Devemos procurar a aprender a nos sentir confortáveis sozinhos. Aos poucos estar solitário não vai mais machucar e muito menos matar. É preciso sentar com a solidão, e deixá-la  entrar. Reconheçê-la, compreende-la, e então aprender com ela. Lute contra o impulso de correr de volta para os seus mecanismos de enfrentamento habituais, não procure as pessoas normais que têm contado como no passado para preencher seus vazios. Aprenda a pedir o que você precisa de amigos e entes queridos em relacionamentos saudáveis. Encontre sua rede de apoio, e remova as pessoas de sua vida que não te apóiam, se ame incondicionalmente e assim irás enfrentar seus tempos de luta.

A solidão faz parte da experiência humana. Não podemos deixar esta terra sem experimentá-la, senti-la, sofrê-la. Às vezes, é necessário ser simplesmente sozinho. Às vezes, temos um trabalho árduo e profundo pela frente, porém será recompensador, pois pela cura é que aprendemos a viver com todo o nosso coração e então nos juntamos a outras pessoas e desenvolvemos então relacionamentos saudáveis. 
Adaptação do texto de Kathy Parker


Martína Madche, advogada
OAB/RS 60.281

Martína Mädche, sou fundadora do blog, sendo que este projeto busca ajudar pessoas a reencontrar a Felicidade, por meio de orientações, diversas práticas e treinamentos que visam ajudar mulheres e homens a navegar através de seu divórcio e crises. 
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